MPC vai intimar ex-secretário da Sesau

A Folha tentou ontem pela manh entrevistar o procurador-geral do Ministrio Pblico de Contas, Paulo Srgio Oliveira, mas ele no atendeu a reportagem. Em seguida, por telefone, a Assessoria de Comunicao entrou em contato e solicitou que as perguntas fossem enviadas por e-mail, o que foi feito ainda pela manh. As respostas vieram na tarde de ontem.

Sobre como a denncia chegou ao MPC, a Assessoria informou que ela foi protocolada por escrito, de forma annima, e recebida por uma servidora do rgo. A carta chegou ao MPC na quinta-feira do dia 27 de dezembro de 2012. O denunciante no teria se identificado na carta.

Ainda segundo a Ascom, o procurador no escutou o annimo. De imediato, segundo a Ascom, a denncia foi encaminhada Procuradoria-Geral, em razo da gravidade do teor, que por sua vez recomendou ao ento secretrio de Sade, Leocdio Vasconcelos, a suspenso da licitao bem como a remessa do processo para anlise. 

Sobre a competncia do MPC em notificar algum externamente, a Ascom informa que qualquer cidado poder solicitar documentos pblicos de qualquer rgo. Ministrio Pblico de Contas, como rgo fiscalizador de contas pblicas e que atua perante o Tribunal de Contas do Estado (TCE), pode solicitar qualquer documento de qualquer autoridade pblica que gerencie verbas municipais e estaduais, diz o texto.

Ainda segundo a nota, o rgo tambm tem competncia constitucional e legal para requisitar documentos, notificar empresas que estejam envolvidas com recursos pblicos e fazer recomendaes, que podem ou no ser atendidas pelo rgo notificado. O Ministrio Pblico de Contas no determina, ele apenas recomenda. Mas caso a recomendao no seja atendida, o rgo ministerial representa ao Tribunal de Contas do Estado para que, se o TCE entender plausvel a representao, determine as medidas requeridas pelo MPC. Portanto, segundo explicao da Ascom, quem tem o poder de recomendar o rgo ministerial e quem tem o poder para determinar o TCE.

Sobre o parecer do procurador, a Ascom informa que a anlise preliminar identificou que h indcio de direcionamento da licitao, uma vez que houve limitao de competitividade ao incluir no edital, critrio sem previso legal, limitando as empresas que poderiam participar do certame.

No h norma legal para se exigir a distncia de 20 quilmetros de uma empresa ao local de entrega do alimento, conforme o procurador. A lei prev apenas limitao temporal e no espacial. O Ministrio Pblico de Contas encaminhou ainda ontem ao secretrio de Sade, Alexandre Salomo, relatrio preliminar bem como recomendou que revogue o processo licitatrio e promova uma licitao na modalidade eletrnica, como h muito j vem sendo recomendado por este rgo ministerial, afirma o texto.  

Conforme a nota, o prego eletrnico proporciona maior competitividade e transparncia. At ento, desde 2011, a Sesau vinha executando as contrataes em sua maioria por meio de prego eletrnico, seguindo recomendao do MPC, Ministrio Pblico Estadual e Ministrio Pblico Federal. E neste perodo houve uma economia significativa aos cofres pblicos. 

O parecer definitivo est sendo elaborado a partir de outras medidas que o Ministrio Pblico de Contas vem adotando, entre elas, a oitiva de todas as empresas que participaram do certame e que apresentaram impugnao ao edital, bem como de todos os servidores que elaboraram os projetos bsicos e termos de referncia da licitao, para saber quem foi o responsvel pelas clusulas restritivas. 

Tambm foi solicitado da Secretaria Estadual de Sade (Sesau) na manh desta sexta-feira, 4,  cpia integral do processo licitatrio e tambm do contrato - incluindo seus acrscimos -, que se encerrou no final de dezembro de 2012, quando tinha a empresa Megafoods como responsvel pela prestao do servio de alimentao para as unidades de sade.

O MPC quer saber por que a Sesau no adotou providncia efetiva para punir a empresa, j que h vrias reclamaes sobre a qualidade do servio oferecido, bem como saber por que a Sesau prorrogou por tanto tempo um contrato que no estava sendo bem executado. O Ministrio Pblico de Contas instaurou no ano passado procedimento para avaliar a qualidade da alimentao fornecida pela Megafoods. O procedimento est em investigao. 

O Ministrio Pblico de Contas afirmou que ir intimar o agora ex-secretrio de Sade, Leocdio Vasconcelos, para que ele possa esclarecer esses pontos e tambm explicar por que o processo licitatrio para contratao de nova empresa de fornecimento de alimentos s veio ocorrer aps o encerramento do contrato de cinco anos entre a Sesau e a Megafoods. A ideia que se passa para o MPC de que houve falta de planejamento da secretaria, diz a nota. 

O Ministrio Pblico de Contas vai apurar ainda se essa falta de planejamento ocorreu de forma dolosa ou culposa, bem como ir analisar os preos praticados, uma vez que houve aumento significativo na licitao, atualmente avaliada em pouco mais de R$ 11 milhes para um contrato de um ano. 

Na prxima semana, o MPC ir solicitar informao ao atual secretrio de Sade para saber por que o ex-secretrio Leocdio Vasconcelos continua utilizando seu antigo gabinete. Ontem, Leocdio concedeu entrevista para a TV Roraima no gabinete da Sesau. Hoje pela manh, durante diligncia do Ministrio Pblico de Contas, verificou-se que o carro do ex-secretrio estava estacionado na vaga destinada ao secretrio, bem como que o mesmo estava no interior de seu antigo gabinete. Essa informao se faz necessria para preservar as investigaes, informou. 

INIDONEIDADE - Ao final das apuraes, ainda segundo a Ascom, se ficar constado que houve fraude no processo licitatrio, ser encaminhada uma representao definitiva ao Tribunal de Contas para que declare a inidoneidade das empresas envolvidas, bem como ser pedido que os servidores envolvidos na irregularidade sejam punidos com a inabilitao para ocupar cargos em comisso por no mximo 8 anos.

Tambm ser representado ao Ministrio Pblico Estadual para que promova aes penais e civis competentes por crime contra lei de licitaes e por ato de improbidade administrativa. Ainda ser feita uma representao Secretaria Estadual de Administrao, para que instaure procedimento administrativo dos servidores envolvidos que ainda estejam prestando servio para o Estado. 


Fonte: Folha Bv